Atualmente vivemos em uma sociedade contendo um advogado para cada 200 habitantes e mais de 100 milhões de processos correntes, apenas no Brasil. Considerando isso,  é possível imaginar o volume de trabalho dentro dos departamentos jurídicos e escritórios, o que pode apenas aumentar o volume de trabalho nos próximos 10 anos. 

O advogado que pretende atuar nessa nova década, precisa criar um novo modelo de trabalho, além de estar pronto para novos desafios e oportunidades, sempre considerando as novas tecnologias e desenvolvendo modelos de comportamento. Só assim ele poderá construir um caminho mais fluido nos próximos anos.

Brasil e o mundo político

O mundo da política e seus desdobramentos tem total influência no mundo jurídico, e saímos de um 2019 com uma política bastante dividida e competitiva no país, principalmente por crimes de corrupção, grandes investigações, idolatria política, fake news, lava-jato, crise e eleições, ingredientes de um caldeirão que derruba a confiança, tornando os processo jurídicos inseguros aos olhos da população.

A crise financeira e os desdobramentos da lava-jato trouxeram a tona escândalos envolvendo empresas.

Um ponto importante a ser ressaltado é a LGDP (Lei Geral de Proteção de Dados), a nova lei pode trazer demandas profissionais e outras necessidades de compliance para segurança de dados e proteção da privacidade, e certamente será uma atualização a se ficar de olho no mundo jurídico dos anos 2020.

Leia mais sobre a LGPD

A técnologia na rotina juridica

A tecnologia, como um todo, está cada vez mais presente na vida das pessoas, e não é diferente no mundo jurídico, inteligência artificial, ODR (Online Dispute Resolution), Blockchain, Legal Analytics, Machine Learning e Internet das Coisas são algumas das novidades em tecnologia que estão sendo incorporadas à gestão jurídica com o objetivo de melhorar a eficiência e, a entrega dos serviços.

E por mais que a ideia principal  da tecnologia seja facilitar a vida das pessoas, é necessário estar atento às novidades. 

Nesse quesito, advogados mais jovens podem ter uma facilidade maior em se adaptar ao mundo jurídico tecnológico, uma vez que já desenvolveram seus conhecimentos e habilidades em um mundo já modernizado com as altas tecnologia.

Aos advogados com mais tempo de formação, resta usar de sua experiência para aprender mais sobre as novas tendências e não perecerem ao tempo, pois é certo que, independente da área de atuação,  quem domina a tecnologia, está sempre um passo à frente. 

A alta tecnologia aplicada aos novos tempos pode evoluir ao ponto de passar determinadas tarefas, como  a gestão do contencioso de massa ou de processos trabalhistas, para cargo de programas específicos, com capacidade de identificar processos semelhantes para protocolar e fazer uma petição de forma automática, sem o envolvimento de um “advogado humano”, o que pode desafogar a demanda de pessoal especializado em um escritório de gestão jurídica.

Contudo, se engana quem pensa que a tecnologia irá substituir de vez o trabalho humano, pois, por mais que determinados cargos possam de fato se extinguir, novas áreas de atuação podem ser criados a partir do desenvolvimento das novas tecnologia, já que os programas irão precisar de profissionais qualificados para conduzí-los. 

Mídias Sociais

Ao longo da história, as relações e interações entre as pessoas geraram diferentes conflitos, e ocasionalmente, diferentes formas de ilegalidades e crimes. 

Atualmente se popularizou o termos “crime virtual”, referente à ações ilegais que podem ser cometidas na internet. 

Com o passar da nova década, e com o aumento considerável das tecnologias de interação e das mídias sociais, é bem possível que novos crimes virtuais sejam considerados, assim como novas irregularidades em leis que ainda nem existem.    

Juízes e advogados que atuaram nessa nova era jurídica podem esperar por ter que lidar com casos cada vez mais relacionados com interações sociais por meio da internet, o que pode ficar tão comum, que o termo “crime virtual” tem tudo para nunca mais ser usado.

Da mesma forma que as mídias sociais e aplicativos conectam as pessoas, mesmo em grandes distâncias, não é impossível que a interação entre advogado e cliente possa cada vez mais ser feita à distância, o que já existe, mas que pode vir a ser uma regra. 

O advogado do futuro precisa conhecer bem os desafios que o mundo, e principalmente o Brasil, impõe para poder superá-los com eficiência, com muito trabalho e também disposição para se adaptar às novas tecnologias.